segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ainda sobre a escravidão no Rio Grande do Sul e Brasil

     Continuando com algumas palavras das memórias de Antônio José Gonçalves Chaves. Abolicionista somente por uma questão econômica. Texto escrito entre 1817 e 1822 em Pelotas, RS.

     ".... Mais de três milhões de escravos, entre homens e mulheres, se têm importado no Brasil e ainda abatida a parte que se tem exportado para algumas colônias espanholas, quantos milhões de habitantes não teria operado esta multidão se a desgraça de sua classe não preterisse sua procriação?
      É certamente claríssimo que a procriação desta classe é em si mesma inoperável e persiste a classe livre, para haver sua manutenção, na terrível prática de demandar esta mesma população da austera África e emprega nisso seguramente muito mais do que ela vale.
      Mais de duzentas embarcações, equipadas dos melhores marinheiros, dão entrada nos diferentes portos do Brasil anualmente, carregadas destas desgraçadas vítimas; e se calcularmos bem a grande porção de cultivadores dos gêneros que trocamos por eles, construtores e outros artistas que podiam operar trabalho muito mais útil e adequado às nossas circunstâncias, concluiremos sem hesitar que este comércio é para nós antes prejudicial do que útil...."


Fonte: Chaves, Antônio José Gonçalves. Memórias Ecônomo-políticas sobre a administração pública no Brasil. Quarta edição, Editora Unisinos, 2004.


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