domingo, 7 de abril de 2013
Para quem acha que a escravidão no Rio Grande do Sul quase inexistiu - Parte 2
Relato de Auguste de Saint-Hilaire em 11 de setembro de 1820 em Pelotas.
"... Nas charqueadas os negros são tratados com rudeza. O sr. Chaves, tido como um dos charqueadores mais humanos, só fala aos seus escravos com exagerada severidade, no que é imitado por sua mulher; os escravos parecem tremer diante dos seus donos.
Há sempre na sala um pequeno negro, de 10 a 12 anos, cuja função é ir chamar os outros escravos, servir água e prestar pequenos serviços caseiros. Não conheço criatura mais infeliz que essa criança. Nunca se assenta, jamais sorri, em tempo algum brinca! Passa a vida tristemente encostado à parede e é freqüentemente maltratado pelos filhos do dono. À noite chega-lhe o sono, e quando não há ninguém na sala cai de joelhos para poder dormir. Não é esta casa a única que usa esse impiedoso sistema: ele é freqüente em outras.
Afirmei que nesta Capitania os negros são tratados com bondade e que os brancos com eles se familiarizam, mais que em outros pontos do país. Referia-me aos escravos das estâncias, que são em pequeno número; nas charqueadas a coisa muda de figura, porque sendo os negros em grande número e cheios de vícios, trazidos da Capital, torna-se necessário tratá-los com mais energia...."
Fonte: MAGALHÃES, Mario Osorio. Pelotas: Toda a prosa. Primeiro Volume (1809 - 1871). Ano 2000.
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