sexta-feira, 29 de março de 2013

Para pensar, refletir e reorganizar cada origem


     Como é bom irmos à nossa origem mais antiga. Como é ótima a sensação de clareza de nossa identidade. Sou gaúcho, nascido em Porto Alegre, me criei no bairro Boa Vista quando ele ainda era apenas o vizinho da Vila do IAPI, só mato em volta dos nossos pequenos apartamentos. Cresci ouvindo  desde MPB, jazz, blues, samba até os nossos tradicionalistas e fui aos poucos descobrindo esse mundo no qual eu estava inserido. Por conta das histórias mal contadas fui me desfazendo aos poucos de máscaras apresentadas por falsas origens. E hoje me vejo aqui estudando a influência de línguas e dialetos africanos no dia-a-dia do gaúcho, principalmente o homem do campo, da estância. E resolvi fazer algumas comparações com outros estudos que tem acontecido no Brasil, tais como, o estudo de Nei Lopes sobre a língua Banto. E é gratificante saber que sou mestiço, saber que tenho um pouco de sangue de português com alemão, francês com espanhol e uma descendência também negra que infelizmente, para muitos não tem valor, mas ela é a que dou mais importância pelo simples fato de ter sido oprimida desde que os africanos chegaram aqui, e é ela que exalto, e é ela que proclamo em mim. Abaixo algumas conexões à espera de comentários.

Banda - Lugar, região, paragem.
Banda - do quimbundo mbanda, zona, correspondente ao quicongo mbanda, província, distrito, parte de um país.

Obs.: aqui no sul quando se vai passear ou caminhar com ou sem destino fixo diz-se "dar uma banda". Do quimbundo dibanda, pernada.


Canga - Peça de madeira em que se colocam os bois para puxar carreta.
Canga - do quicongo kanga, amarrar, prender, capturar, apertar, de nkanga, ação de ligar; que é amarrado.


Candongueiro - Aplica-se ao animal manhoso que foge com a cabeça quando se quer por-lhe o freio, o bu çal ou tosá-lo. Diz-se do indivíduo mesquinho, manhoso, arteiro, esquivo, inquieto, que questiona por coisas sem importância.
Candonga - do quicongo nkua-ndunge, esperto, astucioso (que encontra correspondência no quimbundo múkua-ndunge) ou ainda no quicongo ki-ndonga, iniciante, noviço, aluno, aprendiz; do quimbundo ndunge, astúcia.


Cacimba - Fonte de água potável. Vertente.
Cacimba - do quimbundo kixima, poço; "lugar próprio para tirar água em rio ou lago". Na Angola pré-colonial, kasimba era o nome dado às reservas naturais de água potável da localidade de Maianga.


Em breve colocarei outros verbetes.

Fontes: http://www.estanciadapoesiacrioula.com.br/dicionario-crioulo;
            Lopes, Nei. Novo Dicionário Banto do Brasil, 1a. Edição. 2003.


terça-feira, 26 de março de 2013

A influência da língua Banto no português falado no Rio Grande do Sul

     Recentemente li o livro Novo Dicionário Banto do brasil de autoria de Nei Lopes onde o autor fez uma pesquisa detalhada sobre a origem de verbetes falados na língua portuguesa que tem origem nos dialetos bantos falados na África e, consequentemente, trazido pelos africanos que foram escravizados aqui na nossa terra. Então resolvi fazer uma lista de palavras que eu já vi sendo utilizadas no cotidiano gaúcho. Colocarei três palavras por postagem para que todos possam acompanhar o quanto temos de influência africana no Rio Grande do Sul.


     1. Milonga - do quimbundo milonga, exposição, queixa, calúnia, injúria, demanda, através do espanhol platino;


     2. Mocotó - do quimbundo mukoto, pata de animal, mão de vaca, correspondente ao umbundo omu-koto, amu-koto, pata de boi, cabra, suíno, etc.


     3. Tunda - do quicongo tunda, pelar, descascar, que corresponde ao umbundo tuna, malhar, contundir.


Fonte: Lopes, Nei. Novo Dicionário Banto do Brasil, 1a. Edição, 2003.